Região atacadista de Goiânia já registra fechamento de lojas e perda de empregos
06/05/2020
Com 50 dias de suspensão do comércio na Região da 44, em Goiânia (GO), em virtude das medidas de combate à Covid-19, shoppings e galerias do polo comercial já registram entrega de pontos de vendas por lojistas que não conseguem mais manter seus negócios. De acordo com levantamento feito pela diretoria da Associação Empresarial da Região da 44 (AER44), ao menos 10% dos micro e pequenos empreendedores já entregaram seus pontos e outros 15% estão negociando a entrega.
“Essa situação só tende a agravar porque a Prefeitura, além de não avaliar as medidas que sugerimos, todas elas preconizadas pelo Ministério da Saúde e pela OMS [Organização Mundial de Saúde], não dá sequer uma previsão de data”, afirma Jairo Gomes, Presidente da AER44. Ele lembra que mais do que lojas fechadas isso significa perda de empregos, cada loja emprega diretamente de dez a quinze pessoas em suas confecções, fora os empregos indiretos oriundos de facções, lavanderias, malharias, aviamentos, calçadistas, dentre outros. “Temos hoje 16,8 mil pontos de vendas, são 105 empreendimentos com uma média 160 lojas em cada um, e 10% disso já representa 1,7 mil lojas fechadas, o que se reflete no mínimo em mais de 20 mil empregos perdidos”, explica o presidente da AER44.
Jairo lembra que a indefinição sobre uma flexibilização do comércio na 44 já tem trazido outros problemas, além dos econômicos. “Os vendedores ambulantes, que não têm condições de fazer o comércio na Região de forma segura, começam a novamente invadir a Região. Causando aglomerações e vendendo mercadorias sem qualquer protocolo de higienização. Diferente de uma abertura informal, desordenada e consequentemente insegura, os shoppings e galerias têm todas as condições de reabrirem com toda segurança e de forma responsável com as devidas medidas preconizadas pelas autoridades de saúde. Estamos prontos para reabrir!”, destaca.
Medidas - O Presidente da AER44, Jairo Gomes, destaca que os empresários da região tomaram medidas concretas para uma retomada gradual e responsável da Região da 44, que emprega mais de 150 mil pessoas diretamente e é o segundo maior polo de distribuição de moda do Brasil. “Queremos deixar bem claro que os shoppings e galerias da 44 estão sim prontos para reabrir de forma segura. Os empreendimentos inclusive concordam em restringir por completo as caravanas de compras, que representam quase que 70% do nosso público."
“Estamos insistindo numa reabertura, ao menos de forma flexível, porque senão daqui há pouco tempo será tarde para a grande maioria dos negócios aqui na região. A não definição de ao menos uma data é, no mínimo, um descaso por parte da Prefeitura com a 44, que tão logo foram decretadas as medidas de restrição foi e tem sido parceira”, contesta Jairo Gomes.
O presidente da AER44 lembra que as medidas protetivas e preventivas propostas para a retomada segura da Região da 44 foram baseadas no que preconiza a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, como por exemplo, limpeza e desinfecção diária das ruas e calçadas do pólo comercial, obrigatoriedade do uso de máscaras por todos os funcionários dos empreendimentos e por lojistas, disponibilidade de álcool em gel nas entradas de todos shoppings, galerias e hotéis, instalação de tapetes higienizadores.
Demissões - O empresário Lucas Henrique, que tem uma confecção no bairro Nova Esperança e sete lojas na Região da 44, conta que antes da pandemia estava com 48 colaboradores, hoje está com apenas 19 funcionários. “Infelizmente precisamos dispensar, não conseguimos manter esses empregos. 90% do nosso público são os turistas de compras da Região. Estamos até tentando vender alguma coisa pelas redes socias, mas mal chega aos 10% do nosso faturamento normal”, afirma.
A empresária Vanessa Márcia de Assis tem uma confecção de moda masculina e duas lojas na Região da 44, ela também lamenta mas diz que precisou dispensar funcionários. “Antes do fechamento da região estávamos com 12 colaboradores, hoje estamos só com dois. A gente até espera e torce para recontratar as pessoas de novo, mas sem uma data sequer de quando voltar, a gente não consegue nem se planejar para isso”, argumenta.
Vanessa conta também que tem sido cobrada das compradoras de outros estados, já que segundo ela, muita gente vive de vender as roupas que compra na Região da 44. “Todo dia recebo ligação e mensagem de sacoleiras que também estão passando por necessidade e nos perguntam quando iremos reabrir, mas não temos resposta”, conta.