Na Marisol, a Inteligência Artificial é usada no combate à pirataria

24/02/2021

A falsificação de itens do setor têxtil e de confecção acontece há algum tempo e prejudica o mercado. De acordo com dados da Abit, entre 35% e 40% de todo o volume comercializado nesta indústria sofre algum tipo de incorreção no processo entre a fabricação e a distribuição. Para driblar o cenário desfavorável, as companhias agora contam com o apoio da tecnologia. É o caso da Marisol, detentora de marcas como Lilica Ripilica, Mundo Ripilica e Tigor T. Tigre, todas são objeto de desejos de crianças e pais. Já que fazem parte do guarda-roupa de milhares de famílias e atravessam décadas de sucesso.

A empresa, que contabiliza prejuízos na ordem de R$ 4 milhões ao ano com falsificação, adotou uma estratégia diferente e contratou o escritório de advocacia Meirelles IPC, especializado em propriedade intelectual.  Com a ferramenta de Inteligência Artificial “Offer Z”, a indústria pode rastrear anúncios de peças não oficiais e notificar os vendedores.

Looks originais da Lilica Ripilica

Karen Bincoletto, advogada da Marisol e responsável pela implantação do sistema, explica como é feito o monitoramento. “Além de fazer a busca diária dentro de sites de marketplace, a plataforma nos notifica do produto e conseguimos derrubar de um dia para o outro a publicação”, detalha.

O serviço de Inteligência Artificial pode acabar com somente a oferta encontrada ou com todo o perfil do vendedor, seja em redes sociais ou em sites de vendas. Desde que implantou a aplicação em 2019, a fabricante de moda já conseguiu encerrar aproximadamente sete mil anúncios de roupas piratas. Mas a demanda é tão grande, que a cada semana surgem seis perfis com 20 novas ofertas no ambiente virtual.

“Temos que fazer um serviço investigativo. Entramos em grupos de Whatsapp para descobrir o que está acontecendo. Além disso, recebemos muitas denúncias de representantes, lojistas e até mesmo clientes”, revela Karen.

Peças falsificadas apreendidas

O crime não compensa

Além de prejudicar negócios que pagam seus impostos e cumprem seus direitos com os colaboradores e com o Estado, a pirataria esconde perigos que os consumidores muitas vezes não estão atentos: itens sem regulamentação, péssima qualidade e que podem prejudicar a saúde de quem os veste, sonegação fiscal e trabalho análogo à escravidão.

Após meses de investigação criminal, a Marisol chegou a duas fábricas de produtos fraudados, uma na capital paulista e outra em Caruaru (PE). Os trabalhadores estavam em situação de informalidade, assim como todos os outros aspectos do estabelecimento.

“Uma camiseta original de coleção atual custa em torno de R$ 70 a R$ 80, e a falsificada tem valor de R$8 reais de fabricação e é revendida para o cliente final por R$ 20. Mas as peças são de péssima qualidade, com tecidos que arranham no contato com a pele, estampas craqueladas, modelos que não se ajustam ao corpo que que desbotam muito facilmente.”, afirma a advogada.

Fábrica pirata fechada 

 Atitudes que mudam cenários

Em um dos casos de anúncios fake, a vendedora não sabia que os itens eram falsos e, quando soube, quis mudar o quadro. “Essa pessoa não tinha ideia de que eram pirateados e quando conversamos, ela fez questão de vender os artigos originais, pois gostava muito das marcas. Assim, fez todo o processo para se tornar nossa representante oficializada em sua localidade”, explica Karen.

A Marisol também conta com uma parceria com o site Enjoei. Trata-se do Projeto Reconta, ao qual as pessoas entregam nas lojas físicas roupas usadas das grifes e com isso obtêm descontos para a compra de nova coleções. Essas peças usadas são destinas à venda dentro da plataforma parceira para quem quiser comprar o produto original em bom estado e por preço menor.

Outra iniciativa é a do manual interno de orientação de como identificar pirataria, com elementos como etiqueta, tabela de cores, estampas.

Etiquetas fraudadas encontradas em fábrica ilegal 

 

*Crédito de imagem: divulgação/Marisol