Setor têxtil brasileiro eleva em 18% produção e reduz em 70% as emissões de CO2 em duas décadas
14/11/2025

A indústria têxtil e de confecção do Brasil ampliou sua produção e, ao mesmo tempo, reduziu consideravelmente seu impacto ambiental nos últimos 20 anos. Dados do novo painel lançado pelo Observatório Nacional da Indústria, desenvolvido pela CNI, em parceria com a Abit, apontam que, entre 2000 e 2024, a produção cresceu 18%, enquanto as emissões energéticas de CO2 caíram mais de 70%.
Os indicadores mostram também um forte ganho de produtividade energética. Em 2002, cada tonelada equivalente de petróleo (tep) gerava 1,43 tonelada de produtos têxteis. Em 2024, o mesmo consumo energético passou a produzir 2,9 toneladas, um avanço de 103% em eficiência e uma expressiva redução nas emissões diretas e indiretas.
“O setor têxtil promoveu uma verdadeira revolução produtiva, energética e ambiental nas últimas décadas, adotando tecnologias mais eficientes que permitiram produzir mais consumindo menos energia”, explica Danilo Severian, especialista em políticas e indústria da CNI.
O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, destaca que os números refletem o esforço do setor em aprimorar continuamente seus processos produtivos, buscando maior eficiência e competitividade. “Ao longo das últimas décadas, o setor vem investindo de forma contínua em inovação, tecnologia e melhores práticas, aprimorando produtos, processos e gestão. Esses avanços não apenas reduzem custos, mas também promovem o uso mais eficiente de recursos e a redução de desperdícios, fortalecendo a conexão do setor com a agenda de sustentabilidade. Tais resultados mostram que é possível crescer reduzindo impactos, gerando emprego, renda e competitividade com responsabilidade ambiental”, destaca.
Como o setor têxtil se tornou mais limpo e competitivo - Os avanços atuais têm origem no processo de modernização e eletrificação iniciado nos anos 1990. A abertura comercial e a valorização cambial trouxeram maior exposição à concorrência internacional, mas também facilitaram a entrada de tecnologias mais eficientes. Naquele período, a matriz energética do setor ainda dependia fortemente de óleo combustível e lenha, fontes altamente emissoras que respondiam por cerca de 50% do consumo de energia.
Com a renovação do parque industrial e o investimento em fontes e processos mais limpos, a indústria conseguiu elevar a produtividade e reduzir emissões. “O desempenho evidencia que crescimento econômico e sustentabilidade podem caminhar juntos, desde que acompanhados por inovação tecnológica e políticas industriais que estimulem a transição para uma economia de baixo carbono”, reforça Danilo.
Apesar dos avanços, o setor enfrenta desafios estruturais. O alto custo da energia, a complexidade tributária e os gargalos de infraestrutura ainda são entraves à expansão sustentável e competitiva. “Fatores como as altas taxas de juros, a concorrência com produtos importados e os fluxos de importação e exportação exercem um forte impacto sobre a competitividade da indústria têxtil brasileira atualmente”, complementa Pimentel.
Mesmo diante desses obstáculos, o setor têxtil representa hoje menos de 1% das emissões totais da indústria nacional.