Projeto Cultural visa recuperação do prédio de tecelagem histórica

01/02/2021

Foi lançado o projeto cultural de recuperação e revitalização do prédio histórico da Tecelagem Parahyba, em São José dos Campos (SP). A área está ao lado do Parque da cidade e se destaca como dimensão espacial e cultural de Santana, como um dos mais belos conjuntos arquitetônicos paisagísticos da modernidade brasileira, com obras do Arquiteto Rino Levi e do paisagista Burle Marx.

Entre os objetivos para a execução do projeto, destaque para o resgate do primeiro patrimônio histórico industrial da cidade, destinar o uso e ocupação deste espaço, situado muito próximo ao centro da cidade, para o desenvolvimento do comércio, do trabalho industrial no segmento tecelagem, atividades de cultura com museu estático e dinâmico, educação com cursos e palestras no auditório, lazer e espaço gastronômico com lanchonetes e praça de alimentação para os trabalhadores do local, visitantes e população. Além de ampliar a oferta de trabalho e emprego com as obras, e no pós obras, para os profissionais envolvidos nas atividades de tecelagem e diversos do local.

A ideia é implantar, ainda, o Centro do Artesanato Popular e o Centro do Cooperativado em áreas internas dos galpões, entre outros. Confira os detalhes do projeto.

O custo total está avaliado em torno de R$ 5 milhões. As empresas patrocinadoras poderão descontar os recursos doados nos impostos ICMS, Imposto de Renda – IR.

O prédio é tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Tem como proponente a Coopertextil, fundada em 1988, a qual detém a propriedade da área de 27 mil m2.

Os interessados em apoiar o projeto devem entrar em contato com Paulo Palmeira, Presidente da Coopertextil (p.palmeira@uol.com.br) ou Ronaldo Diniz, responsável técnico pelo processo e projetos (dinizarquitetura@yahoo.com.br) ou 12 98703-7395.

História - A construção iniciou-se em 1920, mas, somente em 1925 foi concluída. E em meados de 1927, iniciou as atividades, empregando 300 operários. A fábrica foi inaugurada, por um grupo de empresários portugueses associados a brasileiros. No início a produção estava focada em apenas no tecido brim. Ainda na década de 30, a fábrica recebe o benefício de 25 anos de isenção dos principais impostos. Nesta época a tecelagem possuía em seu quadro 1.200 funcionários, produzindo 170 mil cobertores e 180 mil metros de brim por mês. Na década de 40, a marca Cobertores Parahyba passou a dominar o mercado interno e aumentou consideravelmente suas exportações, tendo uma produção de 4 milhões de cobertores por ano.

Vale destacar que seu fundador, Ricardo Severo da Fonseca e Costa, 1869-1940, foi um engenheiro, arquiteto, arqueólogo e escritor. E sócio de Ramos de Azevedo (1851-1928) importante construtor brasileiro. Foram responsáveis por grandes obras de engenharia realizadas em São Paulo na primeira metade do século XX, dentre as quais se destaca: a Pinacoteca do Estado, Teatro Municipal de São Paulo, Escola Politécnica, Mercado Municipal, Faculdade Medicina da USP, Centro Republicano e Clube Portugues, Projeto Benficencia Portuguesa de Campinas e de Santos e Projeto do Estádio São Januário, no Rio de Janeiro.

Em 1933, os proprietários passam a empresa para Olivo Gomes. Na década de 40, a marca Cobertores Parahyba passou a dominar o mercado interno e aumentou consideravelmente suas exportações.

Nos anos 50, Olivo Gomes decidiu transformar a fábrica para a produção de cobertores de alto padrão. Então, ele foi para a Itália, na região de Firenze, a fim de contratar especialistas do Instituto Buzzi, da cidade de Prato. Olivo contrata diversos profissionais especializados em diferentes etapas da produção de cobertores, como fiação e tear. Além dos italianos, ele também trouxe para o Brasil maquinários europeus. Para capacitar a mão-de-obra local Olivo criou a escola de alfabetização da Tecelagem Parahyba, onde os funcionários eram alfabetizados e recebiam treinamento adequado para o trabalho nos teares. Foi um marco positivo da empresa para os padrões da época.

Em 1957, já bem fragilizado e doente, Olivo Gomes faleceu e deixando cinco filhos, quando o mais velho, Clemente Gomes, assumiu os negócios da família.

Nos anos 70 a fábrica dominava mais de 70% do mercado nacional e exportava para mais de 90 países, com linhas assinadas por Pierre Cardin, Pierre Balmain e Maurício de Sousa, da Turma da Mônica. Em 1974, lança cobertores de pelo alto;

Nesta época Severo Gomes (1924-1992), irmão de Clemente, formado em direito, rumou para a política assumindo pela segunda vez um ministério no Governo Geisel.

1998 – Criada a cooperativa dos funcionários que passam a administrar parte da empresa como forma de acerto das dívidas trabalhistas. Foi a primeira no seguimento no ramo de têxteis do país.