Indústria têxtil alinha sustentabilidade à eficiência
17/10/2025

Em sua 10ª edição, o Congresso Internacional Abit 2025, que acontecerá nos dias 29 e 30 de outubro, em São Paulo, destaca a Sustentabilidade como eixo essencial para impulsionar a Produtividade nas indústrias do setor Têxtil e de Confecção. O tema, que ganha relevância crescente diante das transformações do mercado global, será debatido por especialistas como Luiz Thiago Ribeiro de Freitas (Malwee), Carla Joana Silva (CITEVE) e Ricardo Formento (WEG).
Toda esta abordagem faz parte do escopo do Painel 6, que tem como foco “Sustentabilidade e Produtividade: Um Caminho Integrado”, com mediação de Camila Zelezoglo, gerente de Sustentabilidade e Inovação da Abit.
A mediadora destaca que o painel trará diferentes perspectivas sobre como a agenda sustentável pode ser uma alavanca estratégica para a competitividade: do olhar europeu do CITEVE, que associa a regulação à inovação, ao exemplo da WEG, que vem integrando sustentabilidade aos seus investimentos, até a experiência da Malwee, referência em práticas sustentáveis que impactam diretamente a governança, a produtividade e os resultados do negócio.
Inovação e Sustentabilidade na Cadeia Têxtil - Para Luiz Thiago Ribeiro de Freitas, Gerente de Operações do Grupo Malwee, tratar de sustentabilidade sob a ótica da produtividade é essencial diante da transição energética e do avanço de práticas de reaproveitamento de resíduos. “Os temas estão na pauta pública e vêm sendo incorporados em legislações e nas exigências do mercado”, observa. Segundo ele, atualizar-se “deixou de ser uma escolha estratégica e tornou-se uma necessidade comercial”. Freitas cita iniciativas da Malwee, como o Fio do Futuro, o Ar.voree e a conversão das ramas para matriz renovável, que demonstram que “sustentabilidade e produtividade podem caminhar juntas”.
Ao abordar os desafios e oportunidades para consolidar a economia circular na indústria têxtil, Freitas destaca que há o movimento global de responsabilizar a moda por seus impactos, especialmente na gestão de resíduos. “Legislações visando à economia circular já são implementadas na Europa e em outros países. É questão de tempo para que o Brasil siga o mesmo caminho”, afirma. Para ele, a transição é irreversível e traz oportunidades ligadas à inovação, a novos modelos de negócio e à transparência exigida pelos consumidores. O executivo também aponta desafios estruturais, como o sistema tributário, “que ainda penaliza a circulação de matérias-primas recicladas”, e a falta de maquinário adequado à desfibragem e reciclagem. Enfatiza a importância da logística reversa e do engajamento do consumidor, citando a parceria da Malwee com a Cruz Vermelha de São Paulo como exemplo de iniciativa concreta que evita o descarte e estimula o reuso de peças.
Soluções sustentáveis sem perder desempenho - Para Carla Joana Silva, Diretora do Departamento de Química e Biotecnologia do CITEVE, de Portugal, discutir sustentabilidade no setor têxtil é tratar de um tema que ultrapassa a dimensão ética e assume papel estratégico para a competitividade das empresas. Ela destaca que a indústria que adota processos sustentáveis “não o faz apenas por convicção ambiental, mas porque otimiza o uso de recursos naturais, melhora a eficiência energética e reduz desperdícios”, o que, segundo afirma, fortalece a imagem da marca e abre caminho para novos mercados. A executiva observa ainda que a produtividade está diretamente relacionada à capacidade de inovar e incorporar tecnologias que conciliem qualidade, custos reduzidos e menor impacto ambiental. “A sustentabilidade atua como motor de inovação, impulsionando o desenvolvimento de novos materiais, processos mais limpos e modelos de economia circular”.
Carla Joana frisa que a química verde e o desenvolvimento de novos insumos são aliados fundamentais na redução dos impactos ambientais da produção têxtil. Ao empregar reagentes não tóxicos, solventes biodegradáveis e processos energeticamente eficientes, “a química verde permite minimizar a geração de resíduos e a poluição dos efluentes, que são dois dos maiores desafios do setor”. Ela acrescenta que o uso de matérias-primas renováveis, como fibras naturais, corantes de base biológica e bio aditivos funcionais, possibilita a criação de produtos têxteis com alta durabilidade e desempenho técnico.
Indústria têxtil e a urgência da transição energética - Sustentabilidade e produtividade têm se tornado pilares fundamentais para a competitividade das indústrias, especialmente em setores com alto consumo energético, como o Têxtil e o de Confecção. Para Ricardo Formento, gestor do Centro de Negócios de Transição Energética da WEG, a crescente pressão dos stakeholders e a intensificação de eventos climáticos extremos impulsionam a busca por soluções sustentáveis. “A urgência climática ganhou destaque nos últimos anos”, afirma, ressaltando que os temas ESG, a redução das emissões de carbono e a inovação tecnológica são essenciais para agregar valor aos negócios e mitigar impactos ambientais.
A transição energética, neste cenário, deixa então de ser opção e torna-se necessidade estratégica. Formento destaca que o Brasil já conta com uma matriz elétrica majoritariamente limpa. Ele aponta a energia solar como protagonista do crescimento, tanto em geração distribuída quanto em grandes usinas, com destaque para o uso de baterias que permitem o armazenamento e o uso mais inteligente da eletricidade. Além da geração renovável, Formento defende que é preciso ir além, com ações que envolvam a redução de desperdícios, a eletrificação de processos industriais, a automação e a mobilidade elétrica, promovendo ganhos em segurança, confiabilidade e desempenho operacional.