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Estudo mostra que a indústria da moda pode ser sustentável em 16 anos

27/11/2019

Especialistas da indústria da moda de diferentes partes do mundo enxergam um futuro preocupante para o setor, caso os negócios sigam o modelo atual. No entanto, eles indicam que com esforço, coragem e comprometimento, a moda sustentável será viável em 16 anos. Essas conclusões estão compiladas no relatório "O Futuro da Sustentabilidade na Indústria da Moda", que faz um balanço do rumo que a indústria está tomando e define o que precisa ser feito para colocá-la em um caminho diferente.

No levantamento, os especialistas apontam que os compromissos assumidos pelos atores da indústria hoje ainda não têm o alcance necessário. Se os comportamentos atuais continuarem, 75% dos entrevistados disseram que será impossível alcançar um impacto positivo no meio ambiente. No entanto, existe possibilidade para a mudança. "Uma das fantásticas conclusões da pesquisa é que ela vai do impossível ao possível. Os especialistas dizem que, com os esforços certos, isso pode realmente acontecer", afirma Kacper Nosarzewski, sócio-executivo da 4CF e um dos autores do relatório.

O levantamento aponta 14 estratégias para a sustentabilidade, avaliando cada uma delas quanto ao seu impacto potencial e prazo no qual ela poderia se tornar efetiva e as classifica por ordem de prioridade estratégica. São elas: maior conscientização global; fibras e inovação no processamento; geração de relatórios altamente detalhados sobre sustentabilidade; iniciativas orientadas para os trabalhadores; alta concentração/cooperação; responsabilidade ampliada do produtor; salários na indústria da moda; roupas como um serviço; revolução da automação; economia circular; índice de sustentabilidade junto ao consumidor; apresentação de modelos para revenda/segunda mão; maioria das roupas produzida localmente e regulamentações fiscais para aumento da sustentabilidade. Todas são consideradas realizáveis até 2035 e 2/3 delas podem se tornar predominantes em uma década, desde que sejam adotadas medidas radicais. Isso exigirá colaboração, mudança de políticas e uma abordagem de múltiplas táticas para tratar questões complexas e interrelacionadas em todos os pontos do ciclo de produção e consumo.

Imagem com as 14 estratégias citadas no documento 

Cornelia Daheim, da Future Impacts, outra autora contribuinte da pesquisa, disse: "O sucesso em uma única área, como a de fibras e inovação têxtil, por exemplo, não será suficiente. Precisamos ver uma ação coordenada em todos os campos de atuação. Precisamos garantir que as pequenas ações de mudanças positivas que vemos hoje sejam amplamente distribuídas e implementadas”.

"A indústria reconhece que as coisas precisam mudar. Agora conseguimos enxergar até onde essa mudança precisa ir. As marcas e partes interessadas do setor têm um conjunto claro de ações para alcançar um impacto positivo", afirma Lee Alexander Risby, diretor global de Avaliação Social de Impacto do Instituto C&A. "A mudança vai exigir um enorme esforço e cooperação das marcas, do governo, dos decisores políticos e, até mesmo, dos consumidores. Mas, diante do contexto de crescente preocupação com questões ambientais e de justiça social, mudanças positivas podem ocorrer muito rapidamente. Este é um apelo esperançoso de tomada ação para que a indústria avance e faça acontecer", finaliza.