Estilistas apoiados pelo Movimento Sou de Algodão priorizam temas sociais no SPFW
08/12/2021
Os estilistas apoiados pelo Movimento Sou de Algodão, iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), levaram temas sociais relacionados à diversidade e à sustentabilidade por meio de suas criações apresentadas no São Paulo Fashion Week N52, de 16 a 21 de novembro de 2021. Entre as novidades, estiveram o Sankofa, projeto com estilistas pretos, no qual cinco, dos sete estilistas, receberam o apoio de três das marcas parceiras da iniciativa, sendo duas tecelagens, Teray Têxtil e G. Vallone, e uma malharia, AN Têxtil, do grupo Elian. Um dos objetivos do Movimento é aproximar os estilistas das tecelagens parceiras e incentivar o uso do algodão na produção de suas coleções. Nesta edição, cada marca desenvolveu looks com a matéria prima e apresentou coleções em desfiles presenciais, pela primeira vez, no evento.
As marcas do Sankofa que tiveram o apoio do Sou de Algodão foram: Ateliê Mão de Mãe, com elementos que relembram a profundeza dos oceanos e seus significados místicos; Meninos Rei, apresentando a diversidade e representatividade na moda; Az Marias, que trouxe referências dos anos 70 e uma homenagem a Lélia Gonzalez, uma das mais importantes intelectuais negras do país; Mile Lab, que mostrou a periferia paulista por meio dos looks; Naya Violeta, que apresentou em sua coleção as diferentes fés que existem no País; e Santa Resistência, com sua coleção inspirada em elementos da cultura afro do Recôncavo Baiano para produzir vestimentas coloridas, confortáveis e cheias de detalhes.
Look de Az Marias - Crédito: divulgação/Sou de Algodão
O estilista Rafael Silvério, co-criador da startup de inovação social VAMO (Vetor Afro Indígena na Moda), responsável pelo Projeto Sankofa, afirma a importância de dar uma maior visibilidade e representatividade de marcas racializadas no evento. “Nós entendemos que pessoas pretas foram muito invisibilizadas, por isso, ter o movimento Sou de Algodão nos apoiando e fazendo com que algumas marcas parceiras tenham contato com cinco dos nossos estilistas, é um caminho que acreditamos dar certo. Eles podem desenvolver uma parceria. A ideia é ser um aliado na luta antirracista”, explica Silvério.
Peças do Projeto Sankofa serão doadas para o Acervo Sou de Algodão, que dá acesso a stylists, veículos, assessorias de influencers, artistas e formadores de opinião, para produções como editoriais, eventos e outros. Atualmente, o acervo abriga mais de 50 looks originais e exclusivos, que trazem a essência da moda autoral, criativa e inovadora, dos designers brasileiros.
Além disso, duas marcas do Projeto Regeneração, que foi lançado na edição N51 do SPFW, passou por uma etapa seletiva com mais de 50 marcas e envolveu mentoria e atividades colaborativas, receberam o apoio do Sou de Algodão , a partir desta edição. A iniciativa visa estimular parcerias e trazer a potência empreendedora da união de diferentes repertórios, culturas e conhecimentos, em cinco eixos: origem, diversidade e inclusão, protagonismo feminino, sustentabilidade e inovação.
O movimento apoiou os projetos Munira, de Salvador/BA, um coletivo de mulheres baianas que expressam, por meio da moda, o resgate e a autoestima, se inspirando em tendências produzidas por comunidades negras ao longo da história, quebrando estereótipos da “moda afro”; e a Moda Contemporânea Mineira, uma plataforma aberta e colaborativa para desenvolvimento e propulsão de marcas e profissionais de moda, estimulando a cultura da diversidade, inclusão e sustentabilidade, combate à violência de gênero, etarismo, gordofobia, LGBTQIA+fobia, racismo e preservação da sabedoria popular da artesania aplicada à roupa, como bordado, corte, costura, crochê, entre outros.
Em sua segunda participação virtual no evento, Ronaldo Silvestre também foi apoiado pelo Movimento. O algodão é a fibra preferida do estilista, que faz uso de resíduos têxteis na elaboração de suas coleções, e traz a inclusão social e o empoderamento feminino na produção de seus looks, por meio do Instituto ITI. “Em minhas coleções, procuro transmitir as metáforas da minha vida e as minhas percepções sobre o mundo, além dos meus valores e dos meus processos criativos, que envolvem a sustentabilidade dos tecidos, do corte e da modelagem”, comenta Ronaldo.
Neste ano, em razão do cenário da Covid-19, o São Paulo Fashion Week N52, teve uma edição phygital, em várias ativações, incluindo desfiles presenciais e apresentações virtuais de estilista.
Para o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, o evento faz parte da história do Movimento Sou de Algodão. “Quando criamos o movimento, queríamos alcançar as pessoas que influenciam e levam a nossa fibra para o consumidor, para o setor têxtil e para os produtores de moda. Por isso, fizemos o nosso lançamento no São Paulo Fashion Week, em 2016, com embaixadores como Paulo Borges, Alexandre Herchcovitch e Martha Medeiros, que nos ajudam a conectar o algodão ao universo afetivo do público”, explica.