Consumo: valores e conceitos emergentes 

08/11/2023

Este painel, mediado por Giuliano Donini, presidente da Câmara de Moda da FIESC, trouxe um termômetro do comportamento do consumidor, que hoje não precisa ser famoso para ser ouvido, não precisa ser rico para virar influencer e cobrar sustentabilidade, mesmo sem ter renda para adquirir produtos da economia verde. O produto tem que partir do consumidor e não dentro da empresa. Entender a miscigenação de corpos, por exemplo. 

Renato Meirelles - Presidente do Instituto Locomotiva 

Cocriação, perspectivismo e transversalidade, relevância. Esses são os pilares para as empresas na relação com os consumidores.A Aspiração das pessoas dialogam com o propósito delas e não somente com as questões de salário. Segundo Renato Meirelles, estamos na era do empreendedorismo, concentração de riqueza, trabalho híbrido, equilíbrio salarial, transferência de renda e escolarização crescente, mas estamos indo para a era do remunerar para preservar, remunerar para gerarvidas (ser mães), na era da economia dos dados e flexibilidade de trabalho. “O braço de ferro entre o ontem e o amanhã está acontecendo hoje. Não é porque as pessoas falam, mas não praticam a sustentabilidade que isso não é importante. A Tecnologia vai baratear esses produtos e, quando todos tiverem dinheiro, produtos e empresas devem provar que são responsáveis, pois sem issovai sentir o impacto grandioso” conclui Meireles. 

Adriana Morasco - Vice-presidente para as Américas da The LycraCompany 

“Como é que uma pessoa do segmento sintético tem a cara de pau de vir aqui falar de sustentabilidade?” assim começou a palestra da vice-presidente da Lycra Company, já explicando que, há muitos anos, o consumidor exigia uma lycra®que não degradasse e assim foi feito. Produto consolidado, agora a marca investe em pesquisa para  sua reciclagem. “Vamos trazer o fio QIRA®, que será lançado no mundo todo, que é o fio à base de milho que será a nova geração para o fio Lycra®bioderivado. bem breve, até o final de 2024. Este fio mantém as mesmas qualidades do fio normal, masmas reduzirá em 44% a pegada de carbono” anunciou Morasco. A empresa ainda falou dos fios, como poliéster de pet, que são recicláveis e reciclados. 

Reges Costa - Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da VERT 

Dois franceses vieram para o Brasil e, inspirados na vivência com a natureza e as comunidades da Amazônia, desenvolveram um tênis sustentável, com comércio justo com os seringueiros, colaboradores e clientes. No mundo todo, o tênis verde é conhecido pela marca VEJA, mas no Brasil, não podendo usar o nome, foi criada a marca VERT. “Vamos para o campo para checar toda a rastreabilidade da borracha que os seringueiros produzem, isso é transparência ao máximo”. Os franceses ainda são os donos e têm Zeroinvestidores, Zero Estoque e Zero publicidade. Sim, todos os famosos que usam VERT não recebem um tostão da marca e nem ganham os produtos. Eles realmente entendem o propósito. A obsessão pelo meio ambiente vai desde a produção de borracha nativa (sem mudar o bioma),  plantação de algodão orgânicosequeiro com culturas rotativas através decooperativas,  transparência química e reciclagem. “Floresta em pé não tem preço”, diz Regis.A VERT monitora as florestas onde atuam seus fornecedores, capacita as famílias seringueirase paga 5x mais (mercado paga 2.50 a marca paga 8,50 reais por kg) pela dificuldade da agricultura extrativa.O couro também é rastreado, sendo nativo de biomas com técnicas dentro da legislação. Parte dos lucros são revertidos para muitos projetos sociais. Regis conclui sua palestra citando Chico Mendes “Sem justiça social, ecologia é jardinagem”. 

 

Fotos: Soul Studio