Cadeias de suprimento mais rápidas, planejadas e competitivas: especialistas debatem o futuro da indústria têxtil
30/10/2025

O Painel 5 do segundo dia de Congresso Internacional Abit 2025 reuniu especialistas para discutir estratégias de otimização logística, nearshoring, reshoring e o papel das novas tecnologias de rastreabilidade na construção de cadeias de suprimento mais resilientes e competitivas. Com tema “Cadeias de Suprimentos Resilientes e Eficientes”, o debate foi mediado por Fernando Pimentel, diretor superintendente da Abit, e contou com as participações de Laurent Aucouturier (Gherzi Textil Organisation AG), Dawid Wajs (Louis Dreyfus Company) e Henry Costa (T.W. Consulting).

Abrindo o painel, Laurent Aucouturier destacou que o setor têxtil global vive um momento de instabilidade que exige uma revisão profunda de seus modelos produtivos e logísticos e preparo para reagir rapidamente às mudanças. Laurent também ressaltou que a competitividade de preços ainda é o principal fator de sobrevivência no mercado global. Ele apontou alguns fatores que estão transformando a indústria, como a reorganização dos suprimentos, a redefinição de margens entre fornecedores e consumidores, e a necessidade de alinhar velocidade e custo como pilares do crescimento. “Não podemos mais nos dar ao luxo de adivinhar o mercado. É hora de agir com foco e planejamento”, acrescentou.

Dando sequência ao painel, Dawid Wajs destacou a posição estratégica do Brasil como um dos poucos países do mundo com uma cadeia têxtil completa, integrada de ponta a ponta, desde a produção da fibra até a confecção. Contudo, ele chamou atenção para a dificuldade em exportação, comparando o Brasil a mercados concorrentes como Turquia, Bangladesh e Paquistão. Ao abordar o exemplo da China, Wajs apontou a necessidade de o Brasil aprender com a velocidade do país asiático. “Precisamos entender melhor os desafios que os concorrentes nos impõem, a como ser mais integrado ao consumidor e prever melhor o que ele quer consumir”, adicionou.

Concluindo o painel, Henry Costa analisou a evolução do índice da indústria têxtil e os fatores que contribuíram para a queda da demanda interna por roupas prontas, como a transformação dos hábitos de consumo, com clientes perdendo o receio de comprar pela internet, e a popularização de plataformas internacionais. Ele lembrou que a chamada ‘taxa das blusinhas’, que fixou uma alíquota de 20% sobre compras de até US$ 50 feitas em plataformas internacionais de e-commerce, foi um passo importante, mas ainda enfrenta resistência. “Ganhamos uma batalha, mas não ganhamos a guerra. Essa conquista está sendo posta em cheque”, alertou, ressaltando que a medida gerou um aumento de 17% na arrecadação do governo e reforçando que o setor T&C precisa se unir para criar uma narrativa positiva que auxilie na manutenção da medida.
Fotos: Lucas Galli