Baixo crescimento e fragilidade fiscal limitam produtividade brasileira, aponta Bráulio Borges

29/10/2025

A primeira palestra da 10ª edição do Congresso Internacional Abit, no dia 29 de outubro, apresentada por Bráulio Borges, economista-sênior da LCA 4 intelligence, pesquisador-associado do FGV IBRE e membro consultivo do Instituto Clima e Sociedade (iCS), iniciou com uma análise aprofundada sobre o cenário macroeconômico brasileiro e seus impactos sobre a produtividade,  

Em sua exposição, intitulada “Cenário Macroeconômico e produtividade no Brasil”, Borges destacou o crescimento econômico modesto, projetado em torno de 2% ao ano, como um dos principais pontos de atenção para o país. Segundo ele, “a principal fragilidade do Brasil ainda é a questão fiscal”, elemento que limita o potencial de expansão e afeta diretamente o ambiente de negócios.

O economista explicou que a aceleração da produtividade é fundamental para contornar as tendências demográficas globais, que indicam envelhecimento populacional e redução do chamado bônus demográfico, período em que há mais pessoas em idade de trabalhar do que dependentes. “A demografia é claramente um vento contrário para o desenvolvimento mundial”, observou Borges, citando Paul Krugman ao dizer que “a produtividade não é tudo, mas é quase tudo”. No cenário brasileiro, o movimento de transição demográfica, ainda que moderado, tende a se intensificar na próxima década.

O economista defendeu a necessidade de um pacote de reformas estruturais, como melhorias no ambiente de negócios, maior participação feminina no mercado de trabalho e aumento do fluxo migratório como caminhos para elevar o potencial de crescimento. Ele também ressaltou que, mesmo diante das restrições fiscais, é possível aumentar o PIB potencial realocando recursos públicos e reduzindo desperdícios, sem elevar a carga tributária. Nesse contexto, a Reforma Tributária do Consumo foi apontada como um avanço fundamental, pois grande parte do ganho de PIB tende a vir do aumento da produtividade e do aumento de redução de custo de investimento. “Por mais que seja uma medida horizontal, que irá beneficiar a todos, na prática a indústria é quem mais vai se beneficiar, por ser hoje a que mais sofre com o sistema tributário atual”, disse Borges.

A palestra contou com mediação de Fernando Pimentel, presidente emérito e diretor superintendente da Abit, e foi seguida de uma sessão de perguntas e respostas com o público.

Fotos: Lucas Galli