Abit e ABDI assinam na COP30 acordo para estudo sobre destinação de resíduos da indústria têxtil
13/11/2025

Divulgação: Fábio Viana/ABDI
No dia 11 de novembro foi assinado um Convênio de Cooperação Técnica da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com a Abit, no pavilhão da Agência, na Green Zone da COP30, em Belém. O documento tem como finalidade desenvolver um estudo inédito sobre a destinação dos resíduos gerados ao longo de toda a cadeia produtiva da indústria têxtil nacional, abrangendo etapas como tingimento, estamparia, fiação e tecelagem.
O acordo, assinado pelo presidente da Agência, Ricardo Cappelli, e pelo diretor superintendente da Abit, Fernando Pimentel, busca mapear fluxos, volumes e práticas atuais de destinação de resíduos industriais e pós-consumo do setor. Além disso, pretende suprir lacunas de informação e promover maior integração entre indústria, varejo, recicladores e poder público. As informações levantadas deverão subsidiar a criação de políticas públicas e estratégias empresariais voltadas à economia circular.
Transição verde com justiça social - De acordo com Ricardo, o estudo deve impulsionar práticas empresariais responsáveis e o desenvolvimento de negócios sustentáveis. O avanço da economia circular, contudo, deve estar acompanhado de políticas que garantam inclusão social e condições dignas de trabalho para as cooperativas de catadores.
“Hoje, quem mais lucra com o lixo ainda são os intermediários. Os catadores, que realizam o trabalho essencial, continuam recebendo valores muito baixos. Se não enfrentarmos essa desigualdade, criaremos uma nova indústria sustentável, mas excludente”, afirmou Capelli.
O presidente da ABDI destacou que a Agência já investiu R$ 17 milhões em três grandes redes de cooperativas no Distrito Federal, com a compra de caminhões, prensas e esteiras. Ele anunciou ainda que o próximo passo será apoiar a gestão e capacitação das cooperativas, permitindo que negociem diretamente com a indústria.
“Ou o Estado entra com financiamento e pagamento por serviços ambientais, ou essas cooperativas jamais conseguirão competir com os atravessadores. Precisamos garantir que a transição verde inclua quem está na base da cadeia produtiva”, alertou.
Maior competitividade para a indústria T&C- Fernando destacou que a economia circular deve ser encarada como um vetor de competitividade para a indústria têxtil e de confecção, setor que movimenta mais de 2 milhões de toneladas de fibras por ano no Brasil.
“Temos o desafio de transformar subprodutos industriais em valor. É um tripé: mercado, regulação e tecnologia. A logística é a espinha dorsal dessa transformação”, afirmou o diretor superintendente da Abit.
Segundo Pimentel, o Brasil detém a maior cadeia têxtil integrada do Ocidente e possui potencial para se tornar referência mundial em circularidade e rastreabilidade. Ele citou o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) como exemplo de sucesso, que já rastreia o produto desde a fazenda até o ponto de venda.
“O próximo passo é incorporar materiais reciclados a esse rastreio, agregando ainda mais transparência e sustentabilidade à cadeia têxtil nacional”, acrescentou Pimentel.
Alinhada à Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) e à Agenda de Descarbonização da ABDI, a parceria entre a Agência e a Abit reafirma o compromisso do país com a sustentabilidade, a inovação e a competitividade da indústria têxtil e de confecção.
A moderação do painel foi realizada pelo vice-presidente do Instituto Brasileiro de Resíduos Sólidos, Carlos Silva. Além de Ricardo Cappelli e Fernando Pimentel, participaram do debate o advogado e professor de Direito dos Resíduos, doutor em Direito Ambiental Internacional e consultor da ONU Habitat, Fabricio Soler; o CEO da Pragma Soluções Sustentáveis e presidente do Instituto Caminhos Sustentáveis, Dione Manetti, também bacharel em direito e atuante há mais de 25 anos em gestão de resíduos, especialmente em projetos relacionados à reciclagem, logística reversa e economia circular; e o secretário-adjunto de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Lucas Ramalho.