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Minas Trend: marcas adaptam matéria-prima e investem no marketing

14/10/2016

Em meio a mudanças econômicas, novas formas de consumo e de fazer negócios, o Minas Trend chegou à 19ª edição com otimismo. O evento mineiro, que aconteceu entre 4 e 7 de outubro, em Belo Horizonte (MG),  contou com a presença de 219 empresas no  salão de negócios, sendo 119 somente no vestuário.   Já na passarela oito grifes se apresentaram, entre elas, a estreante Ellus e sua marca 2nd Floor, que aderiram à estratégia do “see now buy now”, formato em que as peças desfiladas não disponibilizadas ao público em seguida.  O estilista Lucas Magalhães também adotou a tática e a coleção foi colocada à venda no e-commerce Gallerist logo após o desfile.

Crédito da imagem: Agência Fotosite

A Abit apoiou o Minas Trend e trouxe cinco compradores e seis jornalistas internacionais por meio do Texbrasil - Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira desenvolvido pela Entidade em parceria com a Apex-Brasil. 

Afonso Gonzaga, presidente da FIEMG, responsável pela realização do Minas Trend, afirma que apesar do momento de transição no País, o evento segue com oportunidades para os empresários. "Estamos entrando em uma rota de melhoria. Já há investimentos em tecnologia e na área comercial. Enxergo muita positividade. Temos empresas que fecham 70% das vendas do ano aqui", afirma. Ele ainda destaca a importância da iniciativa para a moda nacional. “Garantimos as duas edições para o próximo ano, pois acreditamos no potencial de criar uma ambiência para os negócios. Afinal, hoje temos aqui 600 compradores credenciados e três mil cadastrados”, completa.

Afonso Gonzaga, presidente da FIEMG - Crédito da imagem: Sebastião Jacinto Junior 

O tema “Aqui se cria”, inspirado no Barroco e no modernismo da Pampulha, traz um clima de vanguarda e, ao mesmo tempo de reinvenção. A atmosfera de busca por alternativas para um ambiente favorável em um misto de confiança no futuro se confirmou na perspectiva de algumas companhias presentes no Minas Trend.  

Ellizabeth Marques, proprietária da grife homônima, relata uma reestruturação na parte fabril para não aumentar o custo, entre outras práticas que a levaram ao aumento de 15% na produtividade até o momento em 2016, na comparação com o ano passado. “Acreditamos que haverá uma melhora no segundo semestre de 2017 e sentimos um período positivo”, destaca. Para alcançar o resultado houve investimento em marketing e na comunicação por meio das redes sociais. “A crise foi incentivadora. Vimos que precisávamos ter um storytelling e exteriorizar o que já fazemos, valorizando a matéria-prima e mostrando como um produto é feito. Hoje temos Snapchat, Facebook e Instagram, sendo a última considerada o carro-chefe com mais fãs. Assim, temos um retorno muito rápido”, revelou Lucas Tavares, gerente de Marketing.

Ellizabeth Marques e Lucas Tavares 

Com 11 anos de mercado e localizada em Fortaleza (CE), a Miss Mano conta duas lojas com vendas voltadas para o varejo e produz por mês quatro mil peças. Apesar de não abrir o valor de incremento na produção, Kedma Baracho, gerente da marca, afirma que houve saldo positivo no faturamento. “Na comparação com a edição de abril do Minas Trend, desta vez, os pedidos cresceram em 20%. Além disso, esperamos faturar 20% a mais em 2016 na relação com o ano anterior”, declarou. A receita da Miss Mano para o momento de instabilidade foi acreditar no potencial do marketing. “Este é um departamento que mais é cobrado no momento de crise. Por isso, apostamos forte em estratégias como o resgate de clientes sazonais com ações personalizadas, investimos em campanhas, eventos na loja. O retorno disso foi positivo e fez a diferença”, declara. Outra medida também foi tomada: substituição da matéria-prima. “Pesquisamos outros tecidos com custo benefício melhor, mas que nos permitiu fazer produtos tão bons quanto os que eram feitos com o material anterior”, completou Kedma.

Kedma Baracho da Miss Mano

Tática parecida foi adotada pela Maracujá, a empresa mineira usa tecidos nobres como cetim e musseline e recorreu às adequações na grade de artigos para não perder espaço no mercado. “Fizemos algumas adaptações, como vestidos mais luxuosos e outros com menos bordados para atender todas as exigências dos clientes. Trabalhamos ainda com preços melhores“, disse Letícia Lorentz, gerente da grife.  Apesar de não ter demitido funcionários ou registrado queda nas vendas e produtividade, o período de instabilidade foi enfrentado com concentração das energias no marketing. “Buscamos estreitar nossa relação com os lojistas e investimos em redes sociais. O que rendeu muita procura e visibilidade”, enfatiza.  

Letícia Lorentz, gerente da Maracujá

A Auá, que possui loja própria em Belo Horizonte (MG), costuma vender suas peças diretamente aos clientes finais e relatou estabilidade na produtividade, sem quedas e sem aumentos. Entretanto, deposita suas fichas em um novo nicho de mercado para sentir na pele o otimismo. “Estou positiva e acredito que a situação deve melhorar. Para isso, vamos investir agora no atacado e em nossa loja online para melhorar a comunicação com o consumidor”, diz Clarissa Guerra, estilista.  

 

See now buy now

O conceito See now buy now já difundido em marcas internacionais, como Moschino e Michael Kors, em que as peças são disponibilizadas para venda logo após a apresentação na passarela, chegou ao Minas Trend. As estreantes Ellus e 2nd Floor colocaram as coleções nas vitrines dos principais shoppings da cidade em seguida ao desfile. O estilista mineiro Lucas Magalhães também iniciou a comercialização das peças por meio do e-commerce Gallerist exatamente no dia em que se apresentou.  

Eder Melo, sócio do projeto, e Luiza Marent, representante da ferramenta

O formato, porém, foi utilizado também por outras marcas expositoras do evento por meio da plataforma registrada com o nome “See Now Buy Now”. Com lançamento no Minas Trend, o site comercializa a coleção de sete grifes do evento para lojistas. Eder Melo, sócio da startup, explica o funcionamento. “Trata-se de uma maneira de viabilizar os negócios entre grifes e boutiques. Assim, é cadastrado o catálogo com as peças e o cliente solicita os produtos diretamente com as marcas. É como se fosse um Facebook da moda”, afirma.

No próximo ano a empresa irá liberar o pagamento digital da compra diretamente na plataforma. “Isso diminui custo com call center e tempo no Whatsapp. É uma ferramenta de apoio para solicitação de pedidos. Em sequência vamos trabalhar com logística integrada”, revela.