Indústria do vestuário perde R$ 87,3 bi com falsificações

01/12/2025

Indústria do vestuário perde R$ 87,3 bi com falsificações

O mercado ilegal continua a representar um dos maiores desafios para o setor têxtil e de confecção no Brasil. Segundo dados do Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), as perdas estimadas apenas em 2024 chegaram a R$ 87,36 bilhões no segmento de vestuário, que lidera o ranking das atividades mais impactadas. No somatório de 15 setores econômicos monitorados, foram R$ 327,8 bilhões.

Esta situação vem piorando ano a ano. De acordo com o levantamento do FNCP, as perdas setoriais acrescidas da sonegação de impostos provocadas pelo mercado ilegal atingiram R$ 468,3 bilhões em 2024 no Brasil, ante R$ 100 bilhões dez anos atrás.

Live debateu tema do mercado ilegal - O tema foi amplamente debatido na Conversa Aberta, série de transmissões e painéis promovida pela Abit. Em live transmitida pelo YouTube, especialistas e representantes do setor reuniram-se para discutir o impacto do mercado ilegal sobre a indústria e a sociedade.

Durante o encontro, Fernando Pimentel, diretor superintendente e presidente emérito da Abit, destacou que a falsificação é “um problema sério no mundo inteiro e no Brasil em particular”. Ele observou que 25% dos brasileiros não veem problema em comprar produtos pirateados, o que reforça a necessidade de conscientização da sociedade e de uma atuação coordenada entre indústria e autoridades.

Risco à vida - O debate ganha contornos ainda mais preocupantes diante da constatação de falsificações em Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como relatou o gerente de Vendas da Cedro Textil, Douglas de Sales Oliveira. Recentemente, a empresa identificou EPIs falsificados no mercado, confeccionados com tecidos retardantes de chamas de terceiros, sem a marca d’água de identificação do fabricante, e comercializados como feitos com tecidos originais da Cedro, colocando em risco a segurança do usuário.

“Identificar um EPI falsificado é gravíssimo. Estamos falando de equipamentos que protegem vidas. Trabalhamos incansavelmente para alertar o mercado e garantir a segurança de todos os usuários”, afirma Douglas. Ele ressalta que os tecidos da Cedro possuem marca d’água exclusiva, certificados de qualidade e garantia técnica, sendo comercializados apenas por canais autorizados.

Diante do ocorrido, a Cedro reforçou seu apoio às verificações e auditorias conduzidas por autoridades e clientes, bem como sua atuação firme e imediata contra qualquer prática ilícita envolvendo sua marca e produtos, adotando providências para responsabilizar os envolvidos e evitar danos aos clientes e ao mercado. A empresa reitera seu compromisso com a transparência, a proteção do consumidor, a defesa da integridade da marca e a segurança e a qualidade dos seus produtos.

Por sua vez, o setor têxtil ressalta que a cooperação entre indústria, governo e sociedade é essencial para frear a expansão da ilegalidade, tanto no comércio físico quanto digital.

“Precisamos transformar a defesa da legalidade em valor cultural. Isso significa proteger empregos, inovação, arrecadação e a segurança do consumidor”, assinala Pimentel.