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Empresários dão os primeiros passos rumo à Indústria 4.0 no setor têxtil e de confecção

19/04/2018

Os primeiros projetos para a implantação da Indústria 4.0 no setor têxtil e de confecção brasileiro já estão em andamento. Um deles aconteceu no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de abril, quando CEOs, executivos e representantes do BNDES, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), de unidades do SENAI, da Abit e do Sindicato do Vestuário estiveram reunidos para o primeiro encontro do MBI em Indústria Avançada: Confecção 4.0, oferecido pelo SENAI CETIQT.

Representantes de 30 empresas de grande, médio e pequeno porte participaram do encontro, tais como Vicunha, Cataguases, DeMillus, Karsten, Malwee, Coteminas, Guararapes, Renner, Grupo Soma, JGB, Altenburg, Lucitex, Sol da Terra e DellRio. 

Integrantes do MBI - crédito da foto: divulgação

O MBI em Indústria Avançada: Confecção 4.0 seguirá por cinco eixos temáticos: Estratégias de Inovação e Posicionamento de Negócio; Materiais e Produtos; Processo Produtivo; Confecção 4.0 e Projeto e Análise de Viabilidade. E, para que a imersão nesses temas viabilize a modernização do parque fabril brasileiro, os participantes terão a orientação de grandes especialistas do Brasil e do exterior. E o que é inovador: de forma totalmente colaborativa, com todos os participantes compartilhando conhecimentos, trocando ideias e informações.

Ao longo de toda a especialização, os alunos-executivos contarão com aulas, palestras, videoaulas e dinâmicas colaborativas com vários especialistas, profissionais conceituados em suas áreas de atuação, que compartilharão conteúdo e darão dicas e orientações para que os participantes incluam cada vez mais soluções tecnológicas em seus processos e possam aos poucos implantar em suas fábricas o modelo 4.0.

“O sonho está se materializando com esse tiro de largada. O MBI proporciona um contato real com o que podemos trazer da teoria para a realidade. Começamos hoje a dar corpo a uma comunidade que pode construir na prática a fábrica do futuro. É preciso unir várias competências; por isso estamos aqui. Temos rodado continentes e estamos muito satisfeitos em constatar que caminhamos lado a lado com o que há de melhor no mundo em termos de Indústria 4.0. A implementação no setor têxtil brasileiro começou”, disse Fernando Pimentel, presidente da Abit, na abertura do evento.

Fernando Pimentel, presidente da Abit - crédito da foto: divulgação

O Superintendente do BNDES, Cláudio Figueiredo Coelho Leal, explicou como o banco pode financiar os projetos. “Aqui neste MBI estamos falando de projetos com características e risco tecnológico maiores do que os de um projeto convencional; por isso eles vão receber tratamento diferenciado e prioritário do BNDES”, pontuou. Segundo ele, as taxas de juros devem variar entre 11% a 12%, com três características diferenciadas: prazos de financiamentos mais longos; níveis de participação mais altos, chegando a 100% do valor do projeto; e a possibilidade de a empresa, dadas as características, ter um tratamento mais adequado do ponto de vista das garantias.

Superintendente do BNDES, Cláudio Figueiredo Coelho Leal - crédito da foto: divulgação

Na ocasião, a GS1 Brasil (Associação Brasileira de Automação), que também atua em parceria com o CETIQT, apresentou aos alunos-executivos a proposta de participação em uma missão técnica à Universidade de Aachen, na Alemanha. “Escolhemos a Alemanha porque este país é o berço da tecnologia 4.0. Lá temos uma gama de atividades voltadas à Indústria 4.0. Visitaremos um instituto voltado especificamente para a área têxtil, com todas as tecnologias e inovações já criadas e em implantação. Temos certeza de que para os participantes deste MBI, voltado para a tecnologia, conhecer o berço da Indústria 4.0 é um casamento perfeito”, comentou Renata Salvi, representante da GS1 Brasil.

“Este MBI está organizado para definir estratégias para fortalecer o setor e torná-lo protagonista na implantação do modelo 4.0 no Brasil. Da mesma forma que a indústria têxtil foi protagonista da 1ª Revolução Industrial, queremos ser também desta 4ª. Para fazer isso temos que nos organizar, reunir as grandes empresas e os grandes financiadores do país a fim de que possamos definir os próximos passos. Este é o pontapé inicial da 4ª Revolução Industrial no setor têxtil e de confecção”, comentou Robson Marcus Wanka, gerente de educação do SENAI CETIQT.

“É um curso pioneiro e nossa expectativa é muito positiva no sentido de alavancarmos todas as nossas ações de tecnologia da área de TI e de negócios. Queremos nos aperfeiçoar e evoluir para conseguirmos suportar todo esse caminho que temos a percorrer, nos mantendo sempre na vanguarda”, afirmou Clodoaldo Delgado de Freitas, gerente de TI da Guararapes Confecções, de Natal (RN).

“Temos um processo todo vertical, desde a fiação até a confecção, e é na confecção onde temos a maioria dos processos manuais. Minha expectativa é conhecer aqui oportunidades de automatizar alguns processos, se modernizar, mas sem virar escravo da robotização”, disse Franciele Furlan, Coordenadora de Engenharia de Produto e Processo na Karsten, de Blumenau (SC). 

Meire Bueno, diretora industrial da DellRio, de Fortaleza, enfatiza também a necessidade da área de confecção agregar maior tecnologia. “Na área têxtil, a automação está mais avançada, com módulos de gestão para acompanhar a eficiência, produtividade, níveis de qualidade, de ocupação de máquina. Já na área de confecção, esse processo está mais atrasado. Então vemos aqui neste MBI uma oportunidade de tornar realidade a Indústria 4.0 em nossa empresa, de crescer nessa área e fazer frente à Ásia, que é o nosso principal concorrente hoje”, lembra a executiva. 

“A indústria já está em um processo de pequenas automações, mas agora aprenderemos de fato a utilizar todas essas tecnologias para tornar o processo fabril mais confiável, com menos perdas e melhor garantia de qualidade. Como trabalhar essas informações, como implementar tudo isso, sem se atropelar, de forma a criar dentro de cada empresa uma coisa consolidada, aos moldes do modelo 4.0, é a minha grande expectativa!”, concluiu Thais Bryan, da Vicunha Têxtil.

No segundo dia do MBI, os participantes visitaram a planta piloto da Confecção 4.0, na unidade Riachuelo do SENAI CETIQT. Na minifábrica 4.0, o sistema começa a funcionar a partir de um Espelho Virtual, no qual o cliente se posiciona para tirar suas medidas e escolher a peça que será fabricada. Em vinte minutos, a roupa está pronta e embalada.

Integrantes do MBI visitam minifábrica no SENAI CETIQT - crédito da foto: divulgação