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CNI completa 80 anos de atuação na defesa e promoção da indústria nacional

31/08/2018

Apesar dos efeitos negativos para a economia mundial, a Crise de 1929, iniciada nos Estados Unidos e que se alastrou por outros países, contribuiu para acelerar o processo de industrialização no Brasil e para a mudança de um país rural para urbano. O grande êxodo rural, acentuado pela crise do café, elevou a população urbana, aumentou a oferta de mão de obra e ajudou na formação de um mercado consumidor. Foi nesse contexto de recuperação econômica que lideranças empresariais criaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em agosto de 1938.

A entidade sucedia a Confederação Industrial do Brasil (CIB), iniciativa das federações de indústrias de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro e, desde então, já tinha clara sua vocação, presente 80 anos depois: defender o desenvolvimento do setor industrial no país, por meio da elaboração de estudos de excelência e de um diálogo propositivo com o poder público. Hoje, com a quarta revolução industrial em andamento, a CNI é novamente fundamental para preparar as indústrias e o país para a chamada Indústria 4.0.

"A CNI sempre foi protagonista na formulação de propostas e na defesa de medidas para o Brasil superar os desafios que se apresentaram ao longo da história. São 80 anos de trabalho dedicados à melhoria do ambiente de negócios, ao aumento da competitividade e ao desenvolvimento econômico e social do país”, destaca Robson Braga de Andrade, presidente da CNI. Segundo ele, a entidade tem, ainda, uma atuação importante na preparação do trabalhador e da indústria do futuro.

“Ao comemorar 80 anos, a CNI reafirma seu compromisso de ajudar o país a voltar a crescer de forma sustentável e a criar empregos. Esse desafio só será superado com o aumento da segurança jurídica, a implementação de reformas no sistema tributário e na Previdência Social, a redução da burocracia, a modernização da infraestrutura e outras ações que melhorem o ambiente de negócios e a competitividade das empresas”, avalia Andrade.

Assim como no início do século passado, preparar e qualificar a mão de obra para aumentar a produtividade continua sendo uma das missões da CNI. Em 2017, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) teve 2,3 milhões de matrículas.

Além do SENAI, criado em 1942, com a missão de formar profissionais para a indústria nacional, esse trabalho é realizado também por meio do Serviço Social da Indústria (SESI), que desde 1946, busca melhorar a qualidade da educação dos brasileiros e criar ambientes de trabalho seguros e saudáveis, aprimorando as condições de vida do trabalhador.

Em 2017, por exemplo, o SESI teve 1.187.240 matrículas em educação básica, continuada e ações educativas; somou mais de 4 milhões de pessoas beneficiadas com serviços de saúde e segurança; e aplicou mais de um milhão de vacinas. No SENAI, a atenção esteve voltada à assistência às empresas, ao investimento em tecnologia de ponta e à instalação de centros de ensino para pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

A preocupação com a formação da mão de obra para a indústria brasileira foi o que motivou a criação das duas entidades. Por meio do sistema SESI-SENAI, a CNI fomentou o desenvolvimento econômico e social do Brasil. O sistema foi complementado depois com a criação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em 1969, para aproximar os estudantes das linhas de montagem por meio de estágios supervisionados. Nos anos 1990, quando o Brasil abriu as portas para a concorrência externa, o IEL diversificou suas atividades para reverter a defasagem tecnológica da indústria brasileira.

Embora a qualificação da mão de obra seja uma preocupação permanente, a partir de 1988, quando foi promulgada a atual Constituição, ganharam mais importância na atuação da CNI a preocupação com a competitividade do produto brasileiro, a inserção das empresas no mercado internacional e a redução do custo Brasil. Hoje, a Confederação defende as reformas institucionais para que a economia brasileira cresça de forma sustentada, competitiva, inovadora e com alta produtividade. 

Fernando Pimentel, presidente da Abit, lembra ainda que o país tem pela frente uma agenda de reformas microeconômicas importante para se reindustrializar. “O Brasil tem perdido capacidade de manufaturar porque temos um ambiente muito hostil para quem produz. Mas não podemos apenas ficar chorando as pitangas. Temos de avançar nas soluções, que passam evidentemente pela melhoria do ambiente de negócios, claramente apontada na agenda macroeconômica que apresentamos e na melhora da educação. Não podemos esperar que o país esteja pronto para que haja uma vantagem competitiva. É preciso atuar para que nos mantenhamos competitivos”, defende o dirigente da indústria têxtil. 

 

*Com informações da CNI